Colaboradores

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Não é que meu visto chegou... mas estamos indo buscar!!!


Yuppi!!! Não, não aconteceu nada de errado com nosso processo.  Cachorro não fez xixi nele, não o jogaram fora, não rasgaram.  Ele estava lá, quietinho, esperando uma mão abençoada para tirá-lo da pilha dos desesperados para declarar, finalmente, a minha alforria!

Não sei porque cargas d'água cada processo leva um tempo diferente.  Não consigo entender como um casal de amigos nossos, que mandaram os exames médicos quase um mês depois da gente, recebeu o passaporte com os vistos há quinze dias.  Simplesmente não tem qualquer explicação.  Segundo eles, isso depende do oficial que está com a sua documentação em mãos, cada um andando em um ritmo diferente.  Não funciona, em suma, como aprendi na educação infantil.  Uma fila.  Os primeiros a chegar serão os primeiros a serem liberados, no esquema do 'quem vai chegando vai ficando atrás, sabe?'

Ainda bem!  Já que eles estariam de viagem de turismo em novembro para o Canadá, a 'urgência' é maior do que a nossa, né?  Deus sabe o que faz!! Então irão aproveitar para fazer logo o landing e resolver toda a burocracia relacionada a essa grande mudança.  E eu, que só iria em janeiro, poderia estar esperando um pouco mais.  Que bom que foi assim.  Tudo tem mesmo o tempo certo de acontecer, mas falar (ou pensar) nisso quando estamos desesperados é tão difícil...

Por isso mesmo, consegui ajuda especializada de um grande amigo e, finalmente, entrei em contato com o consulado canadense.  Disse que estaria em São Paulo durante essa semana e gostaria de passar para pegar meu passaporte.  A resposta? Prontamente me informou que eu poderia ir a partir de terça-feira dessa semana, nos horários pré-determinados.

O que isso significa? Que compramos (marido e eu) passagens para Sampa para quinta-feira e iremos, pessoalmente, recolher os nossos quatro passaportes.  Não me contive de felicidade! Está tudo ok com nossos exames médicos e nossa documentação complementar e, por conta disso, não ficaremos um dia a mais do que o inicialmente imaginado.  Até a passagem para Calgary já foi tirada: 17 DE JANEIRO DE 2013!!  

Agora é contagem regressiva.  90 dias para fazer check up na familia toda, 90 dias para resolver documentações, arrumar a bagagem, se despedir.  Enquanto eu gostaria que fosse amanhã, minha cara metade me faz ver o outro lado da moeda.  São APENAS 90 dias para aproveitarmos intensamente tudo de bom que temos aqui, principalmente a família! E pensar que na sexta-feira estaremos com os nossos lindos passaportes em mãos...

Breve teremos mais notícias, viu? Serão três dias em Sampa, aproveitando para visitar meu irmão e cunhada queridos (e a pequena sobrinha, que até hoje só vi em fotos), tomar uns chopps, comer pastel e ver alguns amigos.

Nos aguardem!!!

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Dia das crianças e o desafio de ser minimalista

Na minha infância dia de ganhar presente era dia especial.  Salvo raríssimas exceções (como uma viagem de meus pais, por exemplo), ansiava pelo natal, aniversário e pelo dia das crianças para escolher o que queria de presente.  E, talvez devido à pouca diferença de idade na minha casa (quatro irmãos, com seis anos separando o mais velho da caçula), o presente de um, muitas vezes, era partilhado entre todos.  Então,  minha memória emocional destas datas é essa:  de um dia especial, de ficar em família, com brinquedos novos, comida especial na mesa, música tocando no toca-fitas (ou no CD), sobremesas.

E então veio essa perspectiva de mudança para o Canadá. E, com o objetivo de tornar nossa bagagem cada dia menor, com apenas o estritamente necessário, passamos a viver com muito  pouco menos.  Roupa, as crianças vestem até não caber mais (ou até manchar ou ficar esgaçada).  Brinquedos... bom, estes sempre foram difíceis de administrar.

Mudamos já vai fazer um ano da nossa casa para dois quartos no apartamento de minha mãe.  E, com isso, reduzimos a lista dos itens estritamente necessários para viver.  Théo, à época com seis anos, triou o que gostaria de levar para a casa da avó, colocando uns itens à 'venda', doando outros tantos.  Fácil, rápido, indolor. Mas, ao longo desses 11 meses, involuntariamente, foi adquirindo outros tantos itens, o suficiente para encher o maleiro e me encher de rugas.  Quarto bagunçado, maleiro lotado.

Passou seu aniversário, comemoramos o aniversário do irmão.  De repente observo esta criança com comportamento de colecionador, pedindo brinquedos repetidos aos membros da família, apenas para ter mais (que ele nunca consegue, pois sempre perde alguns), ou para igualar a sua coleção ao de algum colega de escola.  Quando questionado sobre o presente que gostaria de ganhar, leva longos segundos sem resposta. Para mim, por um motivo óbvio: simplesmente tem mais do que precisa.

E, juntando a mudança para o Canadá que se aproxima com o fato de que os meninos possuem alguns  vários brinquedos ainda na caixa, sem terem sido propriamente explorados, o dia das crianças aqui em casa vai ser consumo zero!  Conversado com o primogênito (e com os avós das crianças), tudo foi devidamente acertado e concordado.

Mais presença e menos presente.  Esse tem sido nosso lema, essa tem sido a plantinha que tento semear nas crianças.  E, qual não é minha alegria ao perceber que basta uma caixa enorme de rolhas de garrafa de vinho para despertar a criatividade de Théo, preenchendo toda a sua tarde de brincadeiras das mais diversas! Me divirto ainda mais quando vejo Tom cobiçando este novo brinquedo do irmão... mais uma prova de que criança não gosta de presente novo, mas de novidades!!!

Por enquanto tem dado certo por aqui.  Mas, quando penso no natal e tento convencê-lo a pedir dólar para Papai Noel de presente, ainda escuto resistência, tanto do pequeno quanto do maridão.  Estou sendo rígida demais??

O que não podemos, é fato, é estimular o comportamento consumista como tenho visto por aí. 
 O que muito me agrada, e estou bastante otimista com relação a isso, é que, ao que parece, o Canadá não é um país em que o consumo é incitado.  Acho que quanto menor a diferença social, menos necessidade as pessoas têm de TER PARA SER.  Porque a cena que eu vi no shopping esta semana, de pessoas correndo desenfreadamente em busca de determinados brinquedos, comprando mais do que as mãos podiam carregar, dividindo em 10 x no cartão de crédito, satisfazendo um desejo insaciável de consumir, muito me entristeceu.  Isso é típico de países pobres, não? De lugares em que, para uma pessoa se sentir respeitada, inserida na sociedade, precisam comprar, ainda que para isso sacrifique boas noites de sono ao aumentar o  seu poder de endividamento.  Ter crédito, na sociedade de consumo, é ser alguém.

E a máxima cartesiana se inverteu.  Compro, logo, sou...

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

ELEIÇÕES 2012 E O 'EXERCÍCIO' DA CIDADANIA

Lembro com  uma relativa saudade o tempo das cédulas de papel nas eleições.  A urna, quando eu era criança, exercia em mim uma magia, uma fascinação indescritível.  Tudo isso junto com o fato de que costumava ir com meu pai votar, ajudava a depositar o papelzinho na urna, juntamente com a esperança por um futuro melhor, por mudanças consideravéis no futuro do meu país e da minha cidade.  A crença em um futuro melhor levava todos no dia das eleições às suas zonas eleitorais, ao exercício do dever cívico, ao respeito a este dia tão importante.  

Posteriormente, ainda acompanhava a apuração dos votos.  Não sei quantas vezes eu fiz isso, mas ficou marcado o frio na barriga que sentia, as batidas alteradas no coração e os pulos e aplausos a cada voto computado para o meu (de meu pai) candidato.  Tudo isso no lugar que hoje abriga a maior delicatessen de Salvador (Perini), quando ainda era o meu querido Clube Baiano de Tênis.

E as risadas coletivas em cada voto nulo? Macaco Simão, Chacrinha, Jesus Cristo, etc.  Esse sim, um verdadeiro ato de protesto.  Os votos em branco eram poucos pois, segundo meu pai, depositar uma cédula eleitoral em branco nas urnas era um prato cheio para possíveis fraudes nas eleições.  Em suma, esperei com ansiedade completar 16 anos para também, naquele momento, me sentir de fato uma cidadã, uma pessoa  suficientemente responsável para escolher seus diligentes.  

Isso tudo apenas para mencionar o quanto que me sinto triste com a verdadeira palhaçada que as eleições se transformaram atualmente.  Não aguentava ver minha cidade, além de abandonada pelo atual prefeito, totalmente poluída com cartazes, santinhos e pichações.  Nos canteiros centrais, nos outdoors, na rádio, na televisão. Candidatos sem qualquer proposta congruente para esta São Salvador da Bahia.  Propagandas ridículas que subestimam a inteligência (e a memória) dos eleitores, com uso de pessoas dançando, axés, reggaes e pagodes para dizer que vão resolver, principalmente, o problema do trânsito de Salvador.  Isso sem falar dos milhares de candidatos a vereadores (para apenas 43 cadeiras) que fazem da campanha desta cidade um verdadeiro circo, com baixarias e slogans de campanha tão idiotas que chegam a ofender. 

Vejo que o soteropolitano é o melhor que essa cidade tem.  E este, infelizmente, perdeu o amor próprio, a sensação de pertença com relação à sua cidade, a sua auto-estima.  Estamos cabisbaixos, desesperançosos,  descrentes em um futuro melhor.  Neste sentido, o futuro, que nos movia para frente há um quarto de século, quando eu era criança e adorava 'votar', atualmente não nos trás qualquer ânimo.  É a completa certeza de que nada vai mudar, as coisas não vão melhorar.  E, por este motivo, só nos resta viver o dia a dia, acordando cedo, enfrentando o trânsito infernal de Salvador ou, para os menos favorecidos, agradecer quando consegue entrar no ônibus, ainda que pendurado para o lado de fora.

Nos contentamos, pois, em escolher um candidato 'menos pior'.  Não conheço absolutamente ninguém que tenha votado feliz, convicto no que fez, tendo certeza da qualidade do seu candidato.  E, pelo menos para, se contentar com o menos pior é muito pouco!!

Aqui estou eu, pós eleições, olhando para essa sujeirada produzida por nossos representantes com profunda tristeza.  Gentém! Foram 88 toneladas de lixo nas já tão sujas ruas de Salvador!

 Me sinto, de fato, ressaqueada.  E, ainda por cima, com um enorme problema: escolher alguém para votar no segundo turno.  Gostaria mesmo de, nesta época do ano, já estar no Canadá para não ter que lidar com este problema.  Porque votar nulo sempre foi contra os meus princípios...



quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Dois meses de envio de exames médicos: Cadê a Maura??

Gentém,

Esse post é apenas mais um triste aniversário comemorado nesse longo processo que é a espera pelo tão sonhado visto canadense.  Fazem dois meses que enviamos os exames médicos para Ottawa (e documentação complementar para o Consulado de São Paulo). Sei que tive muita sorte na primeira fase do processo, pois entre o envio do calhamaço que é a documentação solicitada até a resposta positiva do governo canadense esperamos apenas 45 dias.  E eu, tolinha, achava que o resto seria tranquilo e rápido,tendo até mesmo feito planos de estar em março de 2012 (sim, me crucifiquem.  Achei mesmo isso) na tão sonhada terrinha.


A partir de então foram looongoooos meses de espera.  Consigo medir isso olhando para o meu filho caçula.  Partimos para a árdua tarefa de coletar documentos sobre nossa vida desde os 18 anos de idade em março do ano passado, com o pequeno contando com apenas 10 meses de idade.  E hoje, falando, correndo, frequentando escola, vejo que 22 meses é uma vida, né? Quanto mudamos, quanto aprendemos nesse tempo?? No meu caso, com exceção da mudança de casa, mudei nada.  Vivo, constantemente, esperando a semana passar, com a chegada da tão sonhada sexta-feira (thanks God it's friday!!!). E, no sábado, agradecendo que mais uma semana se foi, torcendo para que chegue a segunda!! Êita espera difícil! Dá para ficar irritada, entediada, ansiosa.  Quem não pirou nesse processo é porque tem uma saúde mental de ferro, viu? Colegas imigrantes, agradeçam.  Vocês passam longe de antidepressivos e ansiolíticos.  Se, no auge do inverno canadense descambarem pra comer chocolates e alimentos gordurosos, estão justificados e desculpados.  Antes isso do que engrossar a fila daqueles que tem seus afetos medicados e entram na triste estatística dos acometidos por qualquer tipo de transtorno mental.

Enfim, é isso.  Mesmo que estejamos planejando fazer o landing em janeiro (não me internem não, tá? Comprovadamente não sou louca... apenas ansiosa), precisamos ver passagem, casa, visto americano.  E, além do mais, o medo de ter dado alguma coisa errada com os exames médicos (e termos algum pedido de complementação) é grande.  Vimos acontecer com gente querida da blogosfera e, definitivamente, não é uma experiência pela qual queremos passar!!

Será que é muito ligar para a Maura pelo menos três vezes por dia, todos os dias? Será que errei em ter deixado recado na secretária eletrônica, na esperança de ter minha ligação retornada? Alguém, nesse meio tempo, conseguiu falar com ela?? Corrro algum risco de meu processo ter caído em baixo da mesa, um cachorro ter feito xixi nele e o funcionário de serviços gerais tê-lo jogado no lixo?? É muito devaneio ou faz algum sentido??

Alguém aí, please, me dá uma boa notícia.  Me consolem, meu povo!!

PS: Hoje, em pleno outono, os termômetros marcam -6 C em Calgary.  Alguém me belisca??